13 janeiro 2016

Minha Alma Precisa de Férias



Acordei meio cansada. Cansada de prender o choro, de contar as novidades, de levantar sempre no mesmo horário vestir minha armadura e ir lutar,  de sorrir pros amigos porque está tudo bem. Cansada de ser forte.
Dormi 'leve' .  Tirei as roupas e as máscaras junto, mas precisei recolocá-las pela manhã: um short meio surrado, um sapato confortável e um disfarce de gente feliz – feliz o tempo inteiro. Gente que tem a obrigação de ser agradável. Vocês sabem bem como é isso. Ser agradável mesmo quando estamos nos sentindo um trapo!
Passei a pensar demais sobre o mundo. Isso é meio arriscado porque a gente acaba enxergando demais – e, uma vez desvendados os nossos próprios absurdos, não se pode voltar atrás. Talvez a ignorância seja mesmo uma bênção – não se dar conta da crueldade com que eventualmente o mundo é capaz de nos tratar. E o Lúpus é capaz de nos agredir sem piedade, sem dia, sem hora, sem nos dar escolha.  E vendo que o dia amanheceu ensolarado, a certeza: está nublado por aqui.
Acordei meio cansada das minhas próprias escolhas.

Só por hoje eu não quero decidir absolutamente nada – 20 remédios ou nenhum, fazer meu exame de sangue ou deixar minhas pernas cada vez mais roxas, dar bom dia ou um que se dane... nada. Não quero pensar em nada nem decidir nada. 
Não quero ser compreendida. É só mais uma obrigação que dá muito trabalho. Só por hoje, não vou me esforçar pra ser melhor e também não vou sorrir sem vontade. Que nada seja dito ou pensado ao meu respeito: hoje só me cabe existir.
Acordei meio perdida em meio aos acontecimentos, às pessoas, à confusão urbana que se confunde estranhamente com a minha própria confusão. Ao calor infernal que faz lá fora.  Não vou escolher uma playlist: toquem o que quiserem. Não vou pensar sobre as pessoas: sejam exatamente o que quiserem. Hoje, só por hoje, não quero conclusões. Nem de mim nem de ninguém. 
Quero passar despercebida, como numa capa mágica de invisibilidade ( aquela do Harry Poter!!). Quero quase não existir até conseguir me ajustar a esse medo de ser eternamente desajustada. Não quero horários ou compromissos ou sorrisos ou explicações.
Só por hoje quero coexistir passivamente e sem qualquer resquício de indignação.
___________________________________Minha alma precisa de férias.

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