03 março 2017

Por que eu?

Redação Mara Chan 
" Será que eu fui sorteado(a) no meio da multidão? "


Nenhum de nós escolhemos este destino, não fomos nós que decidimos ter lúpus, mais bem parece, que a doença nos escolheu.
Será que eu fui sorteado(a) no meio da multidão?
Mas por quê? Por que tinha que ser justo eu?
Para muitas doenças, existe como mínimo uma aceitável explicação - alguma causa lógica.
No caso do Lúpus, tudo é muito complexo, parece um mistério, é uma das doenças que mais intrigam os especialistas do mundo inteiro. Somente sabemos que algumas coisas em nosso organismo nos tornam propensos a ter lúpus, e que estas explicações de forma comprovada, não estão ainda ao alcance de nosso conhecimento humano.
Podemos investigar por todos os meios e questionar aos nossos médicos, e no fim de tudo, teremos que nos contentar que a sua causa é desconhecida pela ciência.
Lembramos que em um determinado momento da vida, clinicamente não tínhamos o diagnóstico dessa doença, vivíamos bem, sem dores e sem crises e, de repente, a vida deu um giro de trezentos e sessenta graus, adoecemos e descobrimos que temos lúpus.
O lúpus não pode ser adquirido de fora pra dentro, é uma doença autoimune e não contagiosa. Não pode ser induzido por nada exterior, a não ser no caso do lúpus induzido por medicamentos (L.I.M), o qual é um tipo de lúpus menos conhecido, e até mesmo os próprios especialistas, não costumam chamá-lo de lúpus, e sim de reação alérgica. Quando se ouve falar sobre lúpus, estamos nos referindo ao Lúpus Sistêmico (L.E.S), que acomete todo o nosso sistema autoimune, comprometendo todos os nossos órgãos, ou também, o Lúpus Discoide (L.E.D) que a sua reação está centrada na pele do paciente.
No início do diagnóstico, procuramos de tudo, tentamos apontar todas as possíveis causas e corremos para todos os lados em busca de respostas. Chegamos a acreditar em quase tudo que nos dizem, “ foi por inveja ”, “ isso é uma doença espiritual”, “ está pagando por algum castigo” e etc... Tudo isso apenas confunde ainda mais a nossa mente e as emoções, pois o momento não é ideal para pensarmos nisso.
A maioria das pessoas com lúpus, não consegue compreender porque tem que ser com ela. Mas se pararmos para analisar e observar as outras vidas e as outras histórias, veremos que toda a humanidade sofre, cada um de nós estamos carregando a nossa cruz. Nós não somos mais especiais que outros seres humanos, os quais também adoecem. O lúpus é apenas uma, de tantas pragas soltas nesta dimensão do globo terrestre, e muitas pessoas boas, inclusive crianças, estão sendo vítimas de guerras, acidentes, assassinatos, pestes, misérias, terremotos e muitíssimos outros males presentes no planeta.
Alguns são vítimas de doenças piores que a nossa, outras aparentemente melhores. Há pessoas falecendo por uma gripe, enquanto outras sobrevivem ao câncer. Não tem como distinguir quem está em uma posição melhor. É aquela velha história, “hoje quem ri amanhã chora, e hoje quem chora amanhã canta vitória”.
Não faz nenhum sentido dizermos, por que eu? Por que tinha que ser comigo? Por acaso, somos nós mais importantes para Deus do que as outras pessoas do planeta?!
Pensando bem, já que estamos aqui nesta situação, não vamos permitir a vida passar em vão. Só nos resta agora, tirar um bom proveito da lição de vida que o lúpus traz. O lobo, esse nosso “animalzinho invisível” que levamos dentro do nosso corpo, somente nós podemos tocá-lo e ouvi-lo, ensina muitas coisas se estivermos atentos.
Somente entre nós lúpicos, vemos e compreendemos o que para o mundo lá fora é uma doença invisível.
Todos os nossos temores e lutas em busca da sobrevivência e longevidade, são mais bem compreendidos entre nós mesmos, são sensações que nem os nossos familiares podem compreender, porque sentimos na pele a aflição dos nossos companheiros de batalha, aqui estamos todos no mesmo barco, a vida que se encontra em risco, é a nossa.
Portanto, esta luta, é na verdade uma ponte que nos leva à fonte do conhecimento, uma imensa oportunidade para aprender profundamente os mistérios da vida.
Certa vez eu li a frase: “Muitos querem ter o que eu tenho, mas não querem pagar o preço que eu pago”. São profundas essas palavras para nós; ninguém gostaria de estar pagando o preço que nós pagamos, nem correr os riscos que corremos neste mundo lúpico; mas com certeza, muitos gostariam de fazer a colheita das profundas sabedorias que recebemos, sem precisar plantar a semente do nosso sofrimento.
Se você parar para analisar, as pessoas com lúpus que se encontram em melhores condições de saúde, são aquelas que têm um bom coração e esbanjam de generosidade, pensam nos demais, estão sempre prontas para auxiliar e dedicar parte de seu tempo em prol de outras pessoas, que também necessitam de carinho e atenção.
É realmente prazeroso quando estamos na companhia de pessoas sábias e capacitadas em seu domínio próprio. E, ainda mais gratificante, quando nos damos conta que somos nós esta pessoa, a qual, outras se achegam em busca de algum conselho, uma palavra sábia ou simplesmente para estarem em nossa presença, já que essa força de superação as conforta. Para tantas explicações dos nossos porquês - que nunca nos deram-, e que de fato não existem mesmo, melhor para cada um de nós é aceitar e confessar:
“Eu tenho lúpus porque a vida escolheu por este meio me edificar, nada é por acaso. O mistério que nunca foi revelado, é que enquanto o meu corpo adoece, o meu espírito cresce ."
Sendo assim, existe um propósito por trás desta doença para a vida de todos nós.



E disse-me:
" A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza....
Portanto, quando estou fraco, então sou forte "

- ( 2 Coríntios 12:9,10. ) -

Texto baseado no capítulo 6 (Por que eu?) de:
" Meninas que adestram lobos "

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